março 23, 2009

Les Amours d'Astrée et de Céladon

Les Amours d'Astrée et de Céladon - 6/10
2007, de Eric Rohmer

Eric Rohmer continua a explorar diferentes ideias enquanto que aplicando certos temas-conceitos muito próprios na sua cinematografia. Depois de A Inglesa e o Duque (8/10) e O Agente Triplo (7/10), volta a inovar na escolha das personagens e cenário.

Quatro ideias chave:

- o argumento: recheado de diálogo inteligente que não é apenas de exposição (o que precisámos saber, os pontos fulcrais do filme) mas também de carácter exploratório, em que as personagens permitem-se divagar sobre os seus sentimentos sem a urgência dos diálogos típicos dos filmes de Hollywood, que permite dar a conhecer a personalidade das personagens ao abordar temas que não são exclusivos ao drama do filme, amostras de dialógos simples e reais (vs os diálogos em Doubt: artificiais, teatrais, de modo a conduzir a acção a determinado lugar e expor directamente as personagens: falo assim porque sou frágil ou sou rude porque sou sério)

- o argumento: baseia-se em mais uma reinvenção da estrutura clássica de romance boy meets girl – boy loses girl – boy gets back with girl, que Rohmer explora quase obsessivamente nos seus filmes (os 4 contos: Primavera, Inverno, Verão, Outono), aqui utilizando ideias diferentes para explorar esse tema, como o debate entre monogamia/poligamia e a subjugação ao destino

- o cenário (localização no tempo e espaço) – o filme desenrola-se num cenário exótico, no tempo dos druidas, ninfas e bardos, com destaque para a celebração das antiguidades da época grego-romana e discussões sobre monoteísmo vs politeísmo, que confere ao filme um tom de fábula invulgar, dominado por paisagens de bosques e castelos

- o cenário (visual) – tal como em A Inglesa e o Duque, há uma experimentação dos cenários que constituem o contexto para os diálogos numa tentativa de apresentar de uma forma diferente algo que raramente é questionado, com experimentação também ao nível do formato, ao filmar em 16mm (uma excentricidade no tempo do digital), que confere um aspecto 4:3 televisivo ao filme; vários vezes vemos planos detalhados e pausados de pinturas que ajudam a compor o ambiente do filme

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