agosto 21, 2009

Tarantino e o pós 1992



Tarantino revelou recentemente num exercício curioso os seus filmes preferidos desde 1992, ano em que começou a filmar. Se podemos deixar passar as omissões de filmes como Chungking Express ou Oldboy tendo em conta o papel que o próprio teve na sua divulgação e é notória a sua admiração pelo estilo visual de certos realizadores asiáticos (aqui menciona The Host, Audition, Battle Royale, Joint Security Area, Memories of Murder) podemos também esperar as referências inusitadas a filmes como Speed ou Blade tendo em conta que muitas vezes o material em que se inspira não é realmente genial mas ganha nova vida debaixo da sua visão. A sua referência a Unbreakable é interessante pela sub-valorização que o filme adquiriu e de facto é uma obra mais complexa e construída do que seria de supor para um filme inspirado nos comics americanos (foi uma das minhas preferências para melhor filme de 2001). 

De qualquer modo, inspirado no top de Tarantino, aqui fica o meu top20 dos últimos 17 anos (não incluindo 2009), uma selecção que se revelou díficil dada a qualidade de algumas obras que tive que deixar de fora (e é impressionante a quantidade de filmes que apenas vi uma única vez) e bem, considerando que foi neste período de tempo que comecei a ver cinema.

1.  Terrence Malick - The Thin Red Line - EUA, 1998

2 a 20 por ordem alfabética

Atom Egoyan – The Sweet Hereafter -  Canadá, 1997
Bruno Dumont - L’humanité -  - França, 1999
Caroline Link - Nowhere in Africa (Nirgendwo in Afrika) - Alemanha, 2001
Clint Eastwood - Million Dollar Baby - EUA, 2004
Dardenne – Rosetta - Bélgica, 1999
David Lynch - Mulholland Drive - EUA, 2001
Elia Suleiman - Divine Intervention (Yadon Ilaheyya)  - Palestina, 2002
Lars Von Trier - Breaking The Waves - Dinamarca, 1996
Lars von Trier – Dogville - Dinamarca, 2003
Larry Clark – Kids -  - EUA, 1995
Michael Haeneke - La Pianiste - Austria/França, 2001
Mike Leigh – Secrets & Lies - UK, 1996
Paul Thomas Anderson – There Will Be Blood - EUA, 2007
Quentin Tarantino - Pulp Fiction - EUA, 1994
Sofia Coppola - Lost in Translation - EUA, 2003
Takeshi Kitano - Sonatine - Japão, 1993
Tim Roth - The War Zone - UK, 1999
Yôji Yamada - Twilight Samurai (Tasogare Seibei) - Japão, 2002
Zacharias Kunuk - Atarnajuat -  Canadá, 2001

4 comentários:

ana disse...

denoto uma certa preferência por filmes norte-americanos..

Dioniso disse...

O exercício do Tarantino é interessante, mas acaba por ser pouco produtivo. São filmes que o estimularam, ou como tu disseste, ganham “nova vida debaixo da sua visão”. Nalguns casos, o que é avaliado não é verdadeiramente o filme como um todo mas as reacções/ provocações criativas que despertaram o próprio Tarantino.
Fico mais curioso por saber quais são as referência de Tarantino no início da sua aproximação ao cinema.

“Thin Red Line”, “Million Dollar Baby”, “Divine Intervention” , Lars Von Trier e “Lost in Translation” também constatariam na minha lista.

Joao Araujo disse...

>ana disse...

sem dúvida, não nego.. mas atenção, os filmes canadianos na lista são tudo menos filmes americanos... seria mais correctamente 7/20, o que ainda não é pouco, mas não estou a ver quais deixaria de fora, Malick, Lynch, Eastwood, Tarantino, Coppola...

Joao Araujo disse...

>Dioniso disse

certo, acaba por ser mais o top de influências para o Tarantino se calhar ao invés o top de mérito artistico. Podem não ser os melhores mas está tudo lá, as cenas de acção do cinema asiático utilizadas em Kill Bill, os diálogos alucinantes e étnicos de Friday ou de Woody Allen, a violência inusitada e encenada de Blade ou Battle Royale.
Sobre o início da sua aproximação ao cinema a sua abordagem é semelhante, desde clássicos a cinema asiático, a filmes serie b ou filmes de culto independentes, uma mistura refinada. Por exemplo, uma das sua grandes influências é o Bande à part do Godard (1964) - a sua produtora de cinema chama-se A Band Apart - e várias vezes referiu-se ao Breathless (remake americano de 1983 do À Bout de Souffle) como um dos seus filmes favoritos (lá está, o gosto não só pelos clássicos franceses, mas também pelas suas variantes americanas)