fevereiro 19, 2013

En Kongelig Affære (2012)

A Royal Affair

En Kongelig Affære / A Royal Affair (Um Caso Real), de Nikolaj Arcel, Dinamarca 2012, 4/10
nomeado para Oscar Melhor Filme Estrangeiro 2013

En Kongelig Affære é um drama de época, com aspirações a proporções épicas, respeitando a tradição do género. Um filme eficiente, baseado numa história envolvente, que, contada de forma relativamente directa, alcança o que propõe, aproximando-se da acessibilidade de um filme de Hollywood. Apesar de procurar incutir um toque europeu - menor pudor e uma particularmente irrequieta câmara steadicam ao ombro - nunca vai além de um formato convencional, visto e revisto, nunca arriscando a ser realmente original. A história, baseada em factos verdadeiros, tem o potencial para prender a atenção do espectador, mas o filme nunca é capaz de explanar as suas diferentes complicações, sem se atrapalhar com pormenores e sem aborrecer com os seus procedimentos.

Uma princesa inglesa é enviada muito nova para a Dinamarca a fim de casar com o rei, que sofre de perturbações mentais. O rei, uma personagem complicada, que alterna entre a alienação e o hedonismo infantil, é, na verdade, uma figura de decoração, controlado pela corte. Um médico estrangeiro, desconhecido, é chamado para ajudar o rei, e apesar das suas posições ideológicas contra tudo que a realeza representa, consegue cair nas suas graças. Através da sua aproximação ao Rei, e aproveitando o alheamento total deste em relação à realidade, procura influenciar as políticas do reino. Incitando o rei a assumir a responsabilidade do seu papel, o médico acaba por substituir-se à corte como o controlador do fantoche. Aproxima-se também da tal princesa inglesa, agora rainha da Dinamarca, abrindo a porta a um possível romance desastroso para os três. Será no desenrolar da relação entre o médico e a rainha que o filme aposta a sua resolução.

Nikolaj Arcel tem no currículo o crédito de co-argumentista de The Girl with the Dragon Tattoo (o original sueco), e alguns filmes de género como realizador (um thriller político, uma aventura juvenil, um romance). Em En Kongelig Affære o realizador preocupa-se em manter o interesse do espectador, o que, na sua opinião, significa não permitir espaço para grandes considerações, oferecendo todas as soluções imediatamente. Apesar do potencial para uma história cativante e subversiva do género (pelas ideias revolucionárias da época que retrata), En Kongelig Affære leva-se demasiado a sério. É demasiado didático, ostentativo na sua pomposidade, seguidor de uma fórmula gasta e enamorado das possibilidades da recriação histórica. As personagens uni-dimensionais são simplificadas para avançar rapidamente a trama, em que não faltam os vilões de várias cores, e as personagens que agem sem grandes explicações, porque afinal, são maus vilões. Quando se filma todas as cenas de forma igual, torna-se difícil incutir especial importância a determinadas sequências. Ao escolher filmar a luta entre ideais novos e a preservação do status quo, Nikolaj Arcel coloca-se do lado do conservadorismo.

Sem comentários: