Cztery noce z Anna - Quatro Noites com Anna – 8/10
2008, de Jerzy Skolimowski
Quatro Noites com Anna, o primeiro filme polaco de Jerzy Skolimowski em 27 anos assemelha-se a uma ode à solidão. Acompanha o personagem principal, que raramente fala durante os 87 minutos, na sua história num momento sem esperança: é testemunha de uma violação (de Anna), é condenado por ser o único suspeito, e depois quando sai da prisão (onde é violado) viola a privacidade de Anna ao introduzir-se durante 4 noites no seu quarto após esta adormecer, numa lógica de um sentimento de protecção disfarçado de um bizarro amor (ou culpa?), desenvolvendo uma afeição por esta mulher que mal conhece mas que mudou a sua vida. Ao mesmo tempo que vive para a poder espiar a sua vida vai-se desmorando sem que ele se pareça aperceber disso: a sua avó morre, perde o emprego e volta a ser procurado pela polícia. A informação é apresentada de forma enigmática, acompanhado por uma narrativa fragmentada e não linear, drama que apenas vai fazendo sentido pouco a pouco.
O filme é estruturado com várias cenas-momentos que duram cerca de 2 a 3 minutos cada, sempre num ritmo constante como se tratasse de um filme conceptual, ritmo quebrado apenas durante uma cena central para o desenvolvimento emocional da personagem principal e da sua obsessão solitária com Anna (a festa de aniversário dela), uma quebra simbólica da estrutura do filme de forma a mostrar o relevo desse momento para a história do fime.
O ambiente é sombrio, repleto de cenas dominados pela escuridão, principalmente nas noites que ele passa no quarto dela, onde presenciamos as suas demonstrações de afecto como observa-la a dormir, pintar-lhe as unhas dos pés ou deitar a cabeça na sua almofada, reflexo da isolação e do mundo de solidão em que ele se submerge – uma solidão partilhada por Anna de certa forma.
A camâra encontra-se parada na maior parte do tempo ou então centrada no nosso personagem principal e no seu comportamento obsessivo, utilizando alguns truques para quebrar a monotonia como filmar através de binóculos, através da janela ou utilizando uma camâra de segurança no tecto da esquadra, mas passa a maior parte do tempo a mostrar o distanciamento, olhando de fora para dentro, enquadramentos planeados, repletos de beleza trágica.
o momento a que chegamos
Há 13 anos
Sem comentários:
Enviar um comentário